HOJE NO DIVÃ... Amaro Figueiredo | Escritor, Cronista, Editor, Blogger, Flower Designer, Cuidador de Doença Mental [EDIÇÃO ESPECIAL]
AMARO FIGUEIREDO | Amaro nasceu em Viseu e reside atualmente na freguesia de S. João de Areias, concelho de Santa Comba Dão. Considerando-se um aprendiz de escrita romantizada sem remetente, tem na nostalgia e no apego as suas maiores influências, como questões centrais de um estilo de sobrevivência amorosa e de estouro. É um dos escritores nacionais envolvidos no projecto infantil do premiado Bruno Magina, “Tu Desenhas, Eu Escrevo”. Em 2014 vence o 1º. Concurso Literário "Cartas de Amor", da Papel D'Arroz Editora, com a obra “A Ti, Meu Eterno Amor; em 2015 publica o seu romance “Devolve-me O Meu Amor”, pela Papel d’Arroz Editora; e em 2016 funda a sua própria editora, a Canhoto Esquerdino® - Livros dos Nossos (marca registada), de cujas edições saiu, este ano, a obra "Cabeça Falante". Desta coletânea de 25 escritores, destaca-se o seu próprio texto "Homens os Mal-amados de Deus”.
No número das suas várias participações poéticas contam-se: "Nós, Poetas, Editamos”, Volume I” – EuEdito, 2013 | "Nós, Poetas, Editamos”, Volume II – EuEdito, 2013 | “Palavras que Desenham o Sentir” – EuEdito, 2013 | “Palavras de Cristal”, II Volume – Modocromia, 2014 | “Letras da Lagoa de Óbidos” – Edição Miká Penha, 2014 | "A Essência do Amor", Volume II – Edições Vieira da Silva, 2014 | “Letras da Lagoa de Óbidos” (livro solidário) – Edição de Autores, Coordenado por Miká Penha, 2015 | “Sentimentos à Solta” – Edição de Autores, Coordenado por Helena Nogueira, 2015 | “Palavras de Cristal”, III Volume – Modocromia, 2015 | “Entre o sono e o Sonho”, VII Volume – Chiado Editora, 2015 | “Entre o sono e o Sonho”, VIII Volume – Chiado Editora, 2016 | “Entre o sono e o Sonho”, IX Volume – Chiado Editora, 2017 | “Entre o sono e o Sonho”, X Volume – Chiado Editora, 2018. A poesia já a assinou com o nome Antonino Bernardo, em homenagem ao seu avô paterno.
No domínio da prosa, assinou obras como: “O Reino Dos Amores Dóceis” (Conto) – Antologia infantil “100 Histórias-Conta essa história outra vez…”, Pastelaria Studios Editora, 2014 | “O Café Também Tem Cheiro De Amor” (Conto) – Colectânea “Café e Chocolate – Histórias com Paladar”, Papel D’Arroz Editora, 2014 | “À Sombra De Uma Árvore de Papel” (conto), Colectânea “Aquela Viagem”, Papel d’Arroz Editora, 2014 | “Gracejo: Entre Lágrimas e Sorrisos” (Conto), Colectânea “Patas, Pelos e Penas”, Pastelaria Studios Editora, 2014 | “O Sonho Voltou” (Conto), Colectânea “Eu Tenho Um Sonho”, Papel d’Arroz Editora (participou como jurado, integrando-se na mesma), 2014 | “Confissão” (Conto) – Colectânea “Confissões”, da editora Lua de Marfim, 2014 | “Premonições” (conto) – Colectânea “Premonições”, editora Lua de Marfim, 2015.
É ainda autor de vários textos, em publicações diversas, tais como o jornal “Defesa da Beira”, P3 (Jornal Público) e Bird Magazine. Foi colaborador no blogue “Letras e Cultura | Tudo sobre Literatura” e na Revista Digital/Blogue “eOptimismo”. Administra os blogues “HomoMelancolia” e “Distant Tempus” e é co-fundador do blogue “Des i – depois, em seguida”.
Dedica-se, desde cedo, ao flower design.
Escreveu ainda a curta-metragem “Cemitério de Rapazes”, com estreia prevista para 2019.
Além de prolífero no ramo artístico, Amaro gere igualmente várias outras atividades de cariz sócio-comunitário, nomeadamente: a organização de eventos, o trabalho em livraria, e o voluntariado em instituições de crianças e idosos, sentindo-se privilegiado pela oportunidade de contribuir pró-ativamente para a saúde mental e bem-estar comunitários.
Faz também parte dos órgãos sociais da Gambiarra, Associação Cultural de Tábua. Mais recentemente, marcou presença no workshop “Poemas caem das folhas” – Poesia e criação de livro – 5.º ano, na Escola Básica de Santa Comba Dão, e na leitura de histórias infantis que dinamizou na Biblioteca Municipal Alves Mateus.
No Divã…
Aprendi a gostar de Arte, num todo, com o abstraccionismo de Menez. A lição 'Arte, Vida, Morte' de Menez. Morreu prematura. Toda aquela exuberância nos segredos e na desarticulação de tanta coisa. O silêncio, o destino, o amor, a espontaneidade, tudo lá está. A Arte é isto. A Menez teve “umas vagas lições de pintura” (risos). Como a nossa vida. Tudo que é feito com amor e dedicação é Arte, “em busca do seu corpo dividido”.
2: Amaro, o que é que gostaria de fazer mas o medo não lhe permite?
É ilusório dizer que o medo não permite fazer alguma coisa? O medo é aquele grito contido, que não se chega a dizer e feito da própria vontade de mudar? O medo é agressivo neste mundo estilhaçado de pessoas egoístas... Percebi que era um mundo diferente muito tarde. Dizer, mais vezes, “amo-te” ou dizer “amo-te”. Há um compasso de espera neste medo. O medo que sinto é ligado ao amor, à grande urgência de amar e ser amado. O medo de interrogação. Sempre tive medo da interrogação. Como escreveu António Ramos Rosa “O teu lugar é o paraíso e o deserto e por isso é azul e branco, vermelho e negro”. Procuro esse amor. Gostava que não ficasse nada por dizer, tentar ou por fazer. (pausa) Quando falo de amor. Já ficou tanto por dizer.
3: Amaro, descreva uma das suas principais inspirações na vida.
Florbela Espanca, pela vida e pelo amor, nunca pela morte, compreendendo o seu fim. A poesia de Florbela teve um papel decisivo no meu crescimento, por vezes difícil emocionalmente. A consciência verdadeira do amor, exigência ou exagero, a ideia pura que o amor é um começo ou recomeço, a rara sensibilidade de acreditar no tempo, como um lugar privilegiado, sem quaisquer constrangimentos e com a possibilidade de sonhar para ver o que surge do nada.
"Wanderer above the Sea of Fog" de Caspar David Friedrich |
4: Amaro, que obra de arte escolheria para se representar a si mesmo? Porquê?
“Wanderer above the Sea of Fog” do alemão Caspar David Friedrich. Já tive a oportunidade de ver a pintura. É a suspensão da emoção, da instabilidade do horizonte, como quase sempre, aquele pequeno pormenor da dúvida. O simples eixo dominante da incerteza, o desvendamento do abstruso. Um Corpo e um Mar, ali... não há nada mais sensível, o Passado e o Presente. Acredito que o Caspar sentiu a necessidade de rasgar o passado e pensar no futuro possível.
5: Amaro, que experiência de vida recorda com maior gratidão?
Um convite. Foi um convite de uma pessoa de quem eu gosto muito e não falamos todos os dias. Há pessoas que são especiais e o André [Mariano] é. Sempre que tiver oportunidade falo dele.
É, provavelmente, um dos portugueses que todos deviam conhecer ou ouvir falar. Anda a preparar um livro. A sua grande história de vida não o define, cresce na pintura, e de um modo não deliberado escreve, meditando sobre a sua vida; ao fazê-lo, como evolução, está a acreditar que tudo é possível aos seus olhos verdes... ou azuis, nunca sei. Tem um projecto fantástico sobre adopção em mãos, “Sou Mesmo José”.
É, provavelmente, um dos portugueses que todos deviam conhecer ou ouvir falar. Anda a preparar um livro. A sua grande história de vida não o define, cresce na pintura, e de um modo não deliberado escreve, meditando sobre a sua vida; ao fazê-lo, como evolução, está a acreditar que tudo é possível aos seus olhos verdes... ou azuis, nunca sei. Tem um projecto fantástico sobre adopção em mãos, “Sou Mesmo José”.
6: Amaro, o que significa para si a intimidade?
Tratar as pessoas com respeito. Procurar a cumplicidade.
7: Amaro, o que é que o faz chorar?
Afectos. (pausa) A falta deles. Eu preciso de chorar para viver. Não tenho a menor dúvida. Chorar nunca fez mal a ninguém. (emociona-se).Eu sempre vivi com o sentimento de culpa – de alguma coisa –, da diferença, da aceitação, duvidei das minhas capacidades, até da minha existência. Aprendi a chorar para aceitar a culpa que não existia e a “diferença” que eu sempre aceitei... até aos meus 20, 21 anos fiquei nesse processo de aprendizagem, compreender os motivos ou a falta deles. Por-que-choro-eu? No fim evoluí. (pausa) Não consigo partilhar a minhas lágrimas, dói talvez um pouco, mas não consigo. Oh pá, já chega de perguntas difíceis. (risos)
8: Amaro, qual a sua maior realização pessoal até à data?
Há dias em que pergunto: "Qual é a minha maior realização até ao momento?”. Sabes aquele choque inicial de não saber a resposta? Dou pouca importância à realização pessoal; no sentido que vou construindo ao mesmo tempo que vou sentindo. A minha última crónica no P3, “A homossexualidade não passa de pai para filho”, trouxe tantas coisas boas, convites inesperados.
"A homossexualidade não passa de pai para filho" [Crónica no P3] |
9: Amaro, como seria uma versão mais perfeita de si próprio?
A perfeição não existe. Tanto, que nos deixamos morrer imperfeitos. Sofri muito por causa da perfeição. Somos muito a perfeição de um ATM... cartão na ranhura, não esquecer de sacar o dinheiro e o talão se não tivermos vergonha do saldo.
10: Amaro, complete a frase: Tudo seria diferente se…
... eu pudesse voltar atrás. Fazia opções diferentes. Existiram casos particulares que condicionaram, de certa forma, a minha maneira de ser e estar agora. Perdi o foco naquilo que podia ser mais importante. Perdi, curiosamente, durante muitos anos ou eu fui sempre muito exigente comigo. O medo venceu. Numa aula de gestão de stress a professora disse que 70% da culpa é nossa.
11: Amaro, que obra de Arte mais influenciou a sua vida? De que forma?
“O Beijo do Silêncio” de Francisco Grácio Gonçalves. Um jogo inteligente, tem uma imagem poderosa e de uma sinestesia envolvente. Foi um presente de aniversário. Mudou a minha opinião sobre poesia e quem escreve poesia. Já perdi a conta à leitura. Eu quero ser como ele.
12: Amaro, como gostaria de ser recordado?
Não penso nisso. A recordação não deve ser o ponto central na vida de uma pessoa. Não é na minha. É isso, basicamente. Há um início e um fim. Sei que tudo termina, até as memórias.
A sessão termina por hoje.
Muito obrigado pelas suas partilhas, Amaro.
Para mais informações sobre o autor e suas obras, por favor consulte:
+ Facebook: amaro.figueiredo.3
+ Blogue "Des - i, depois, em seguida": https://emseguida.blogs.sapo.pt | https://tinyurl.com/ycfzb9n3
+ Bird Magazine: https://birdmagazine.pt
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