Painel Semântico III – Ilustrações por técnica de colagem: De Tom Adams a Robert Maguire, Coby Whitmore e Sally Edelstein, aos anúncios sexistas dos anos 50 e 60
Painel Semântico III – Ilustrações por técnica de colagem: De Tom Adams a Robert Maguire, Coby Whitmore e Sally Edelstein, aos anúncios sexistas dos anos 50 e 60
SONHAR COM LADRÕES é um projeto policoncetual que parte de uma combinação entre ensaio científico, escrita literária e ilustração por técnica de colagem, para contar a história ficcional de Laura, uma mulher pós-moderna confrontada com os desafios do seu próprio crescimento. Do ponto de vista concetual, a compreensão que quis subjacente ao construto de crescimento vem enformada pela intersecção de duas perspetivas distintas: uma psicológica, vazada no conceito de individuação conforme proposto por Carl Gustav Jung, o fundador da psicologia analítica; e uma outra, de cariz sócio-político e filosófico-ideológico, vazada nos esforços feministas de segunda vaga, valorizadores e celebratórios das qualidades e capacidades particulares das mulheres, com particular destaque para as questões da sexualidade.
A exposição tem por base a história do conto em prosa poética «Sonhar com Ladrões» exibido em 15 pranchas de texto (capítulos) a que se fazem corresponder 15 telas com as respetivas ilustrações, por técnica de colagem.
Seguem-se, em maior detalhe, as principais influências do projeto:
III – Ilustrações por técnica de colagem: De Tom Adams a Robert Maguire, Coby Whitmore e Sally Edelstein
III – Ilustrações por técnica de colagem: De Tom Adams a Robert Maguire, Coby Whitmore e Sally Edelstein
A escolha das imagens, em si, veio com a apreciação das obras de Tom Adams, notável ilustrador e pintor anglo-escocês nascido nos Estados Unidos da América, mais conhecido pelas capas de livros para as edições em brochura da escritora Agatha Christie, mais popularmente destacada no subgénero do romance policial, e de quem sou fervoroso admirador. Foi graças às subsequentes pesquisas que me levei a outros ilustradores como Robert Maguire, Coby Whitmore e, mais tarde, aos trabalhos de Sally Edelstein. A estes acresceram-se ainda os anúncios sexistas dos anos 50 e 60.
Desde cedo, muito antes da Psicologia, encontrei na aprendizagem literária e filosófica a fonte de aquisição do meu mais persistente capital linguístico; de forma concreta, tive em Wilde um mestre na arte e na estética: “Em todos os domínios da vida, é pela forma que tudo começa. Os gestos ritmados e harmoniosos da dança transmitem ao espírito, diz-nos Platão, o ritmo e a harmonia simultâneos. (…) Encontrai a expressão de um desgosto e ele se vos tornará querido. Encontrai a expressão de uma alegria e ela se vos tornará um êxtase”.
Se pensarmos no papel dos/as artistas ao longo da história, percebemos que eles/as atuam como comunicadores, dando voz aos sonhos e frustrações das pessoas, constituindo-se muitas vezes como a consciência da sociedade.
Em primeira mão, deu-me a Arte a perceber que não há evolução pessoal sem o desenvolvimento de todos os canais, mecanismos e dinâmicas de expressão, que não existe vida sem criação e criação sem a possibilidade de transformação e reconstrução.
Mais tarde, a Psicologia permitiu-me não só perceber-me dotado de todas as possibilidades para a minha auto-realização, e instrumentalizado internamente com todas as ferramentas necessárias para o desenvolvimento das minhas competências físicas, morais, pessoais, relacionais, sociais, intelectuais, interculturais, mas também ativá-las para ir actualizando uma versão cada vez melhor de mim mesmo.
Hoje, olhando em retrospectiva, sei que me não sintonizaria na frequência da continuidade histórica a que digo pertencer se arte e a psicologia me não tivessem educado a experiência do existir numa determinada lógica de compreensão e acção sobre mim, sobre os outros e sobre a própria vida, me não tivessem disposto o sentido dos meus passos na esteira deste esforço de auto-atualização. Pois é assim que me vejo: um work-in-progress, um perpétuo aluno que vai aprendendo a fruir cada vez melhor da vida, ciente de que fazê-lo é uma arte – ou melhor, um craft. Acredito no poder de me realizar a vários níveis, e que esses vários níveis precisam de ser expressos e realizados até ao seu máximo potencial.
[Há muito mais nos bastidores de «Sonhar com Ladrões». Fiquem atentos/as aos próximos posts na página de Facebook do evento, Carlos Marinho : Criador Artístico e Arte CresSendo]
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