Painel Semântico I – O Processo de Individuação por Carl Gustav Jung (1/3): Como tudo começou
Painel Semântico I – O Processo de Individuação por Carl Gustav Jung (1/3)
SONHAR COM LADRÕES é um projeto policoncetual que parte de uma combinação entre ensaio científico, escrita literária e ilustração por técnica de colagem, para contar a história ficcional de Laura, uma mulher pós-moderna confrontada com os desafios do seu próprio crescimento. Do ponto de vista concetual, a compreensão que quis subjacente ao construto de crescimento vem enformada pela intersecção de duas perspetivas distintas: uma psicológica, vazada no conceito de individuação conforme proposto por Carl Gustav Jung, o fundador da psicologia analítica; e uma outra, de cariz sócio-político e filosófico-ideológico, vazada nos esforços feministas de segunda vaga, valorizadores e celebratórios das qualidades e capacidades particulares das mulheres, com particular destaque para as questões da sexualidade.
A exposição tem por base a história do conto em prosa poética «Sonhar com Ladrões» exibido em 15 pranchas de texto (capítulos) a que se fazem corresponder 15 telas com as respetivas ilustrações, por técnica de colagem.
Seguem-se, em maior detalhe, as principais influências do projeto:
I – O processo de individuação por Carl Gustav Jung (1/3)
1. Como tudo começou: Antes mesmo de se reconhecer na presente diegese, «Sonhar com Ladrões» viu o embrião concetual formar-se em 2015, a convite do João Carlos Major, Especialista em Psicologia Analítica, como parte de um projeto científico-pedagógico, com o objetivo de descrever, por meio de um texto literário, o processo de individuação junguiano. Contudo, antes de poder encorpar o primeiro draft, outros desafios ocupacionais se interpuseram, e o projeto acabou na reclusão de uma gaveta fechada. Entretanto, ao longo da minha prática clínica, fui percebendo a dificuldade que muitas pessoas sentem em reconhecer, afirmar e defender a genuinidade do seu si-mesmo/a (o que doravante será aqui apresentado como a voz do eu).
Segue-se que certos fenómenos psicopatológicos surjam associados a escolhas não autênticas por parte do indivíduo, quando o sentido de valorização individual radica menos nos ditames da voz do eu e mais num parâmetro imposto desde o exterior, a regulá-lo em função da capacidade de atrair a atenção, o apreço e o investimento dos demais (aqui apresentada como a voz dos outros). Quanto mais o projeto de vida de uma pessoa se desvia ou afasta do seu projeto existencial, maior a estranheza e o afastamento do indivíduo em relação a si e ao mundo. Bloqueado no seu desenvolvimento, vive em função de uma identidade que não corresponde ao seu presente, e cada vez mais afastado tanto da possibilidade de auto-afirmação como da de sentir a existência como realidade, destituindo-se da capacidade de se projetar no futuro.
Sendo impossível destrinçar a biografia subjectiva de cada pessoa das condições sócio-históricas que a contextualizam, é legítimo afirmar que as novas formas de perturbação da actualidade podem ser compreendidas em função dos emergentes valores da sociedade de hoje...
[Continua no próximo post]
“Everybody has a little bit of the sun and moon in them. Everybody has a little bit of man, woman, and animal in them. Darks and lights in them. Everyone is part of a connected cosmic system. Part earth and sea, wind and fire, with some salt and dust swimming in them. We have a universe within ourselves that mimics the universe outside. None of us are just black or white, or never wrong and always right. No one. No one exists without polarities. Everybody has good and bad forces working with them, against them, and within them.” (Suzy Kassem)
1. Como tudo começou: Antes mesmo de se reconhecer na presente diegese, «Sonhar com Ladrões» viu o embrião concetual formar-se em 2015, a convite do João Carlos Major, Especialista em Psicologia Analítica, como parte de um projeto científico-pedagógico, com o objetivo de descrever, por meio de um texto literário, o processo de individuação junguiano. Contudo, antes de poder encorpar o primeiro draft, outros desafios ocupacionais se interpuseram, e o projeto acabou na reclusão de uma gaveta fechada. Entretanto, ao longo da minha prática clínica, fui percebendo a dificuldade que muitas pessoas sentem em reconhecer, afirmar e defender a genuinidade do seu si-mesmo/a (o que doravante será aqui apresentado como a voz do eu).
Segue-se que certos fenómenos psicopatológicos surjam associados a escolhas não autênticas por parte do indivíduo, quando o sentido de valorização individual radica menos nos ditames da voz do eu e mais num parâmetro imposto desde o exterior, a regulá-lo em função da capacidade de atrair a atenção, o apreço e o investimento dos demais (aqui apresentada como a voz dos outros). Quanto mais o projeto de vida de uma pessoa se desvia ou afasta do seu projeto existencial, maior a estranheza e o afastamento do indivíduo em relação a si e ao mundo. Bloqueado no seu desenvolvimento, vive em função de uma identidade que não corresponde ao seu presente, e cada vez mais afastado tanto da possibilidade de auto-afirmação como da de sentir a existência como realidade, destituindo-se da capacidade de se projetar no futuro.
Sendo impossível destrinçar a biografia subjectiva de cada pessoa das condições sócio-históricas que a contextualizam, é legítimo afirmar que as novas formas de perturbação da actualidade podem ser compreendidas em função dos emergentes valores da sociedade de hoje...
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